segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Combustíveis têm data de validade, mas falta fiscalização nos postos sobre o prazo

Julio Cabral - Estado de Minas
Publicação: 25/02/2012 11:46Atualização:

Não há fiscalização específica ou indicação do prazo nos postos (Rodrigo Clemente/Esp. EM)
Não há fiscalização específica ou indicação do prazo nos postos


Quando você vai ao supermercado, na hora de adquirir um produto, provavelmente presta atenção na data de validade, desconfiando até se o preço estiver baixo demais. Pois bem, a mesma preocupação deveria valer tanto diante das gôndolas quanto das bombas de combustível dos postos. Afinal, combustível também tem validade. A determinação do tempo é relativa, já que pode depender da localidade de armazenagem, condições climáticas, estado do tanque, o tipo de refino ou até mesmo o produtor. Ou seja, no máximo é possível chegar a uma média. Ainda assim, ao consultar distribuidoras sobre a validade dos diferentes combustíveis, tivemos uma surpresa em relação às respostas divergentes.

O tempo de oxidação varia bastante, podendo ir de um mês a até um ano. Passado o prazo, o combustível começa a perder suas propriedades, o que pode causar perda de rendimento ou até a formação de borra, principalmente se armazenado em depósito velho, com infiltrações. “Perdem-se algumas características do combustível, que podem acarretar em maior consumo e perda de potência. Fora isso, uma gasolina muito velha pode trazer problemas mais físicos, como atacar o filtro de combustível, que vai reter a sujeira guardada no tanque do carro”, alerta Ricardo Dilser, assessor técnico da Fiat. Por isso mesmo, a maioria dos modelos flex costuma injetar gasolina do sistema de partida auxiliar mesmo quando abastecido com gasolina ou em clima quente, para não deixá-la envelhecer no tanquinho.

Entre as distribuidoras consultadas, a ALE Combustíveis foi a mais esmiuçada e informou a validade de todos os combustíveis. Segundo a empresa, o etanol é o combustível que menos sofre oxidação e pode ficar até um ano guardado no tanque em condições normais. No geral, a gasolina oxida bem mais rápido. Depende do tipo de refino, entre outras condições, mas o prazo seria de quatro meses, o mesmo valendo para as gasolinas com maior octanagem e aditivos. Já o diesel dura seis meses, cerca da metade do tempo do etanol.

S50 Contudo, para o recém-introduzido diesel S50, com menor teor de enxofre, o prazo baixa consideravelmente: apenas um mês. O combustível mais limpo é vital para o bom funcionamento dos novos caminhões e picapes que atendem os limites de emissões mais rígidos do Proconve P7 e L6, respectivamente. Na prática, a frota de veículos desse tipo ainda é pequena, pois os modelos antigos e mais poluidores poderão ser vendidos até 31 de março. Logo, o diesel S50, que também é mais caro, tende a encalhar, o que gera preocupações em relação ao seu pequeno prazo de validade. A saída deve ser a venda em promoção do combustível para evitar o problema. Segundo comunicado da ALE, não há norma ou lei que defina a durabilidade dos combustíveis. No caso do diesel S50, por ser um combustível recente no mercado, ainda não há dados de análise a longo prazo e, por isso, o importante é seguir a recomendação da Agência Nacional do Petróleo (ANP), que diz ser necessário avaliar a qualidade do combustível a cada 30 dias.

A Petrobras foi mais generalista e indicou a validade de apenas dois meses para todos os combustíveis, sem distinções. A área técnica da Ipiranga afirmou que as condições podem variar a ponto de ser impossível estipular a data exata de expiração, como também qualquer média. Consultada sobre a questão da fiscalização da validade, a ANP não se pronunciou até o fechamento da edição. Entre os parâmetros fiscalizados pela agência está a fiscalização da qualidade do combustível expressa em boletins mensais, mas sem exigências em relação ao tempo de armazenagem. Ou seja, quando você pega um produto na gôndola para colocá-lo no carrinho, pode verificar a sua validade como a lei exige. Já quando o assunto é o seu automóvel, o resultado pode ser uma tremenda indigestão.

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