quinta-feira, 10 de maio de 2012

OS COMBUSTÍVEIS E A LÓGICA ARISTOTÉLICA DE DILMA

  
Desde o temperamental Itamar Franco, nunca houve um Presidente da República brasileiro que tenha sido tão estudado antecipadamente como a nossa atual Presidenta Dilma Rousseff. Itamar, pelo inesperado desenrolar do Governo Collor, que o trouxe à Presidência como um político que havia sido eleito “vice” apenas para “formar chapa”, sem qualquer identificação com os ideais que nortearam a assombrosa eleição de Collor. Dilma, por suas características de personalidade marcante, reconhecido conhecimento técnico e acadêmico, declarada aversão aos “humores” dos políticos do Planalto e ungida candidata pelo Presidente mais popular que a República conheceu.
Pois bem: para quem a estudou, ela não está causando qualquer surpresa, muito pelo contrário. Esperava-se dela um primeiro ano de mandato onde iria, com a velocidade adequada, mover-se para uma distância prudente (mas carinhosa) de seu padrinho e conselheiro para, em seu segundo ano, começar de fato seu governo. A infeliz chegada da doença que atingiu o ex-Presidente Lula só fez adiantar o processo, aliado ao alto e até certo ponto inesperado índice de popularidade e aceitação que a nova Presidenta atingiu. Como dizemos no interior, “caiu no gosto do povo”.
“Iniciado” de verdade seu governo, Dilma tem agido absolutamente dentro da lógica que se esperava dela. Rapidamente colocou gente técnica em postos chave do Governo, ignorou as inaceitáveis quotas partidárias para nomeação de Ministros e “bateu de frente” com a tal “base aliada”, aproveitando-se da imensa (e merecida) impopularidade usufruida por nossos políticos e a ausência completa de uma oposição minimamente estruturada. Dentro da sua lógica, alterou completamente o quadro diretivo (e mais importante, o direcionamento empresarial) da Petrobras, vai vetar vários pontos do Código Florestal e mexeu destemida no mais sensível vespeiro da economia tupiniquim: a questão dos juros e do lucro dos bancos.
Depois de tanta filosofia, ciência política e economia, vamos ao que interessa. Diz a lógica de Dilma que dentro em breve ela vai mesmo aumentar os preços dos combustíveis. Isto faz todo o sentido e já foi mais que anunciado. BioAgroEnergia já tinha dito em 26 de março, no artigo “Preço dos combustíveis – o discurso está mudando” **, que a Petrobras estava preparando o espírito dos brasileiros para esta mudança. A bem da verdade, a alteração dos preços nas bombas mal vai ser notada, tamanha a disparidade que impera em nosso País. 10% de aumento, como já estão prevendo os analistas mais apressados, é a diferença que já existe no preço de gasolina em dois postos quase vizinhos aqui em uma avenida de São Paulo. O momento é perfeito: inflação sob controle (muito por conta de incertezas na atividade econômica em vários setores de negócios), taxa Selic em queda para estimular algum crescimento interno em um novo momento global adverso e câmbio em níveis que auxiliam as atividades de exportação e inibem importações.
A Petrobras já “deixou escapar” que vai segurar os investimentos fora do país, o que faz todo o sentido, concentrar-se na exploração e acelerar as obras de novas refinarias. Para isto necessita equilibrar urgentemente seu caixa. O fato do preço do Brent ter caído em relação ao que vigorava quando de nosso post de fim de março é irrelevante, pois o câmbio só fez fortalecer. Para que a decisão lógica fique completa, entendemos que nossa Presidenta, em parceria com Graça Foster, deva esperar apenas que deslanche a moagem de cana-de-açúcar no Centro Sul do País. Aí então, ensinaria Aristóteles, Dilma aumenta o preço da gasolina (e do diesel por tabela) e volta a incorporar 25% de etanol anidro na mistura. Aproveita os meses da safra e estimula com isto a produção de álcool, em um momento de queda nas cotações internacionais de açúcar. Se o País tiver (e vai ter) – ainda assim – que importar gasolina (e etanol) lá pelo final do ano, o mundo será outro. O muito que ainda falta de 2012 promete emoções fortes e grandes alternâncias na ordem econômica mundial. A lógica manda que se use o momento para esta quebra de paradigma nos preços dos combustíveis, quando tudo está a favor, até porque lá na frente uma sucessão de fatores vai mostrar que a hora da mudança é realmente agora.
*A lógica aristotélica foi o primeiro tratado grego sobre a sistematização da lógica. No estudo de Aristóteles sobre o silogismo é feita uma interessante comparação com o esquema de inferência dos indianos e com a menos rígida discussão chinesa. Grécia, China e Índia foram as três Nações onde nasceu o estudo da lógica. Silogismo é um termo filosófico com o qual Aristóteles designou a argumentação lógica perfeita.

Nota do blogueiro: Tudo que o jornalista Paulo Costa externou, venho comentando isso há mais de 1 ano. A salvação será correr com as construções das refinarias urgentemente, sem mais delongas, inclusive a Presidenta da Petrobras, já estar falando em construir uma 4a refinaria no centro oeste não esquecendo das bases de armazenamento que estão em todo país no limite ou toca essas obras ou teremos os preços dos combustíveis iguais aos juros, maiores do mundo... tenho dito!!!

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